O Juruá é o 17º maior rio do planeta e o Triângulo não aparece em nenhuma pesquisa na internet. Pode ser localizado no google earth (o círculo delineia sua bacia).
Para a Geografia o Triângulo não existe. Mas para mim e para todos os habitantes de Guajará-Am o pequenino Triângulo existe. Por mais insignificante que possa parecer à primeira vista o igarapezinho de dois metros de largura (em média) é um rio. Infelizmente, temo que não por muito tempo. O Triângulo é o curso d’água que irriga o Mutirão. O que foi o Mutirão Nova Esperança.
Na década de 80 o padre Frederico Siegers, então pároco de Guajará, adquiriu na localidade um terreno de 100 hectares e envolveu a vila no trabalho comunitário, coletivo, onde todos eram donos e ninguém era dono. Era o que se conhece hoje (pelo menos na essência) como mutirão.
A produção do Mutirão Nova Esperança da Paróquia de São Francisco em Guajará garantia a sobrevivência dos seus membros. O velho engenho para a produção de açúcar mascavo(gramixó) que foi incendiado há uns anos era a prova do progresso e organização que o Mutirão alcançou. Os tijolos do forno das caldeiras do engenho são os mesmos dos fornos das raras casas de farinha que restaram por ali.
Os canaviais do Mutirão produziam um açúcar de ótima qualidade e as moagens se estendiam por semanas.
Após a saída de Padre Frederico, a maioria dos sócios não perseverou na agricultura. Os jovens foram seduzidos por empregos na prefeitura local(que se estabeleceu em Guajará no final dos anos 80) e os velhos, cansados ou mortos abandonaram os Mutirão ou foram abrigados a abandonar. Rodeado por duas grandes fazendas de gado o Mutirão perdeu sua identidade.
Não apenas o Mutirão, mas o Guajará perdeu sua identidade. Antes a cana-de-açúcar, a roça de mandioca, o milho, as frutíferas, a mata ciliar, o igarapé correndo livremente, preservado. Hoje, o boi, o bezerro, a barragem, o piau, a tilápia, o tambaqui e a degradação ambiental.
Atualmente em Guajará, só se planta boi. Não adianta plantar outra coisa, logo a brachiaria, a malva ou a pluma invadem tudo. Atualmente, Guajará importa do mercado de Cruzeiro do Sul cheiro verde, pimentinha, maxixe e banana.
A prosperidade dos dois grandes fazendeiros do município seduziu os pequenos. Todos queriam ser fazendeiros.
Mas a pecuária, como qualquer outro investimento, precisa de capital e o futuro de um pecuarista que conhece seu gado pelo nome não é outro senão a venda do seu lote a um de melhor poder aquisitivo e migrar para uma das favelas de qualquer cidade.
Na década de 80 o padre Frederico Siegers, então pároco de Guajará, adquiriu na localidade um terreno de 100 hectares e envolveu a vila no trabalho comunitário, coletivo, onde todos eram donos e ninguém era dono. Era o que se conhece hoje (pelo menos na essência) como mutirão.
A produção do Mutirão Nova Esperança da Paróquia de São Francisco em Guajará garantia a sobrevivência dos seus membros. O velho engenho para a produção de açúcar mascavo(gramixó) que foi incendiado há uns anos era a prova do progresso e organização que o Mutirão alcançou. Os tijolos do forno das caldeiras do engenho são os mesmos dos fornos das raras casas de farinha que restaram por ali.
Os canaviais do Mutirão produziam um açúcar de ótima qualidade e as moagens se estendiam por semanas.
Após a saída de Padre Frederico, a maioria dos sócios não perseverou na agricultura. Os jovens foram seduzidos por empregos na prefeitura local(que se estabeleceu em Guajará no final dos anos 80) e os velhos, cansados ou mortos abandonaram os Mutirão ou foram abrigados a abandonar. Rodeado por duas grandes fazendas de gado o Mutirão perdeu sua identidade.
Não apenas o Mutirão, mas o Guajará perdeu sua identidade. Antes a cana-de-açúcar, a roça de mandioca, o milho, as frutíferas, a mata ciliar, o igarapé correndo livremente, preservado. Hoje, o boi, o bezerro, a barragem, o piau, a tilápia, o tambaqui e a degradação ambiental.
Atualmente em Guajará, só se planta boi. Não adianta plantar outra coisa, logo a brachiaria, a malva ou a pluma invadem tudo. Atualmente, Guajará importa do mercado de Cruzeiro do Sul cheiro verde, pimentinha, maxixe e banana.
A prosperidade dos dois grandes fazendeiros do município seduziu os pequenos. Todos queriam ser fazendeiros.
Mas a pecuária, como qualquer outro investimento, precisa de capital e o futuro de um pecuarista que conhece seu gado pelo nome não é outro senão a venda do seu lote a um de melhor poder aquisitivo e migrar para uma das favelas de qualquer cidade.
Assim, a maior parte da área do Mutirão foi parar nas mãos de um único dono.
Os que ficaram, desanimados com a pecuária partiram para a construção de açudes. Desordenadamente, sem um projeto, sem licenciamento ambiental, patrocinados pela prefeitura, sem que uma única voz se levantasse, mataram o Triângulo.
Num único afluente levantaram 13 barragens. São mais de trinta no total em todos os afluentes e dois na nascente principal.
O resultado: Na Comunidade Floresta, abaixo de Guajará, onde existe um pequeno balneário o Triângulo está praticamente apartado, morto. Há vinte anos que conheço o Guajará e o Triângulo nunca tinha parado de correr, por maior que fosse a estiagem. A foto abaixo é do Triângulo em pleno verão, corrente e límpido antes das barragens.
Num único afluente levantaram 13 barragens. São mais de trinta no total em todos os afluentes e dois na nascente principal.
O resultado: Na Comunidade Floresta, abaixo de Guajará, onde existe um pequeno balneário o Triângulo está praticamente apartado, morto. Há vinte anos que conheço o Guajará e o Triângulo nunca tinha parado de correr, por maior que fosse a estiagem. A foto abaixo é do Triângulo em pleno verão, corrente e límpido antes das barragens.
Sem as águas do afluente, o Badejo diminuiu também, o Boa Fé, o Juruá...
Torço para que as barragens tenham sido mal feitas e com as primeiras chuvas uma a uma se rompa e ele volte a ser um rio.
É tudo o que posso fazer. Além disso, não há muito o que esperar pois descobri com surpresa que Guajará tem secretaria de meio ambiente e quem responde por ela é também um dos proprietários de barragem.
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